 |
Visão frontal da Matriz de Santa Bárbara - Junho de 2013 (foto: Bete Padoveze) |
Ao entrar na Igreja Matriz de Santa Bárbara pela primeira vez (ou pela enésima, seja lá como for), não entre imediatamente após cruzar a grande porta frontal de madeira. Detenha-se um minuto para observar as paredes laterais: nelas você verá dois grandes painéis de pisos antigos, que foram retirados dos primeiros revestimentos do chão e lá colocados para lembrar um pouco da história da construção da igreja, que diretamente representa a fundação da cidade (1).
À direita de quem entra estão os ladrilhos menores, mais antigos do que os ladrilhos maiores no painel à esquerda.
 |
Foto: Bete Padoveze - junho 2013 |
Após os painéis de ladrilhos você encontrará uma segunda porta com um grande vitral, sempre aberta em horários de missa ou cerimônias. Esse vitral tem o desenho de um Coração Aberto, já que a Matriz de Santa Bárbara representa o coração da cidade que acolhe a todos.
 |
O Coração Aberto - Junho 2013 (Foto: Bete Padoveze)
|
Lá dentro, em geral o primeiro olhar é para o altar, obviamente o foco central de qualquer igreja. Lá estão as pinturas dos anjos de que tanto gosto...
 |
Fotos e Colagem de fotos: Bete Padoveze - junho 2013 |
Olhar para os anjos pintados na parede do altar da Igreja Matriz de Santa Bárbara sempre me remete de volta à infância.Eles me fascinam pela beleza da pintura, pela expressão suave dos movimentos e das cores usadas. Por estarem tão menos ao alcance, lá no fundo do altar, também exalavam (ainda o fazem, de certa forma) o mistério do sagrado e do intocável.
 |
Restauração da pintura do altar-mor nos anos 60. Foto obtida do site do Cedoc da Fundação Romi mostrando (1) Paulo José da Silva e (2) Mauro Ramos |
A leveza da pintura angelical acalmava. Ao contrário, as cenas da vida de Santa Bárbara retratada em cores fortes nos vitrais quebrava essa sensação celestial e me trazia de volta para o mundo dos homens e seus violentos preconceitos, que a história da vida da santa descreve. Os vitrais abaixo, instalados em 1949, foram restaurados em 2004.
 |
O pai de Bárbara, o nobre e rico Dióscoro, descobre que sua bela filha, nascida na Nicomédia, hoje Izmit, Turquia, se convertera ao cristianismo. (4)
 |
Desconcertado diante da cidade pela escolha da filha, Dióscoro a ameaça. (4)
Bárbara foge do pai. (4) |
|
 |
Dióscoro, o pai de Bárbara, a denuncia às autoridades. (4) |
 |
Presa, é torturada para desistir da fé, tem seus seios cortados e morre degolada, sendo seu pai o próprio carrasco. Diz a estória que nesse momento um imenso trovão ribombou pelos ares fazendo tremer os céus, um relâmpago flamejou e atravessando o céu fez cair por terra o corpo sem vida de Dióscoro. Por isso Santa Bárbara é conhecida como protetora contra os relâmpagos e tempestades. (Obs.: há na igreja um relicário com um pedacinho ósseo de Santa Bárbara). (4) |
Sentimentos diferentes, obras de arte diferentes, ambos belos e ambos no mesmo lugar. Como quase tudo, despertam sentimentos conflitantes. Tive muitas oportunidades de me deixar levar pelos pensamentos olhando essas obras religiosas, pois, quando criança, fazendo companhia frequentemente à minha vó paterna, Dona Josefina, por várias vezes fomos a duas missas no mesmo dia, uma de manhãzinha e outra à noite!
Também em 2004 foram instalados novos vitrais retratando os apóstolos evangelistas.
 |
Fotos: Bete Padoveze - junho 2013 |
Dos três vitrais antigos representando a Última Ceia, apenas uma parte foi encontrada, sendo restaurada e compondo hoje o vitral da capela lateral, dedicada ao Santíssimo Sacramento.
 |
Foto: Bete Padoveze - junho 2013 |
 |
Foto: Bete Padoveze - junho 2013 |
Voltando um pouquinho na história, a Capela Curada de Santa Bárbara, construída em 1818 em taipa, em terras cedidas pela fundadora Dona Margarida da Graça Martins à Cúria Paulistana, foi elevada à condição de Paróquia em 1842, sendo pertencente à Diocese de São Paulo e tendo como primeiro vigário o Padre Francisco da Ressurreição Gonçalves. (3)
 |
Na foto acima, registrada por Augusto Strazdin, também de 1941, o púlpito e os altares laterais ainda são de madeira (foto obtida do site do Cedoc da Fundação Romi). |
 |
Também em 1941, a lateral esquerda da igreja, na Rua Santa Bárbara (foto extraída do site do Cedoc da Fundação Romi).
 |
Foto registrada em 18 de agosto de 1956 (do site do Cedoc da Fundação Romi)
Na foto abaixo, registrada em 9 de junho de 1977, a praça em frente à igreja está decorada para a procissão de Corpus Christi. Pode-se ver em primeiro plano o relógio de sol que foi construído na gestão do prefeito Landucci e que foi retirado em 1987.
|
|
 |
Foto obtida do site do Cedoc da Fundação Romi |
 |
Em 2003, com uma pintura externa diferente (Foto: Lea Minshull)
 |
Detalhe de painel em azulejo queimado na torre (foto: Bete Padoveze - set2012) |
|
 |
Vista lateral externa (lado direito) - a porta menor dá acesso à secretaria (foto: Bete Padoveze - jun 2013) |
O altar-mor, tendo ao fundo as pinturas dos anjos, reúne linhas clássicas e modernas, e o resultado é um visual simples e refinado.
A pia batismal,
as grandes portas externas de madeira entalhada,
as pinturas no teto da ala lateral,
o balcão do coral,
são mais alguns componentes importantes que preenchem o espaço e conferem mais beleza à igreja. (4)
Em 18 de fevereiro de 2012 a Igreja Matriz de Santa Bárbara, marco 'O' de nossa cidade, completou 170 anos de sua elevação à categoria de paróquia. (5)
 |
Os belos vitrais, alguns novos e outros restaurados, são a característica mais marcante da igreja. (Foto: Bete Padoveze - junho 2013) |
Atualização em 29 de julho de 2019 A Igreja Matriz de Santa Bárbara foi tombada como patrimônio cultural, histórico e arquitetônico da cidade, conforme decreto no. 6.796 de 9 de janeiro de 2018, publicado no Diário Oficial do Município. A área tombada possui 2.256,01 m², localizada nas ruas Dona Margarida, General Osório e Santa Bárbara com a Praça Rio Branco.
(1) Dona Margarida da Graça Martins, fundadora da cidade, doou terras à cúria paulistana para que nelas fosse levantada uma capela à sua santa de devoção, Santa Bárbara. Assim nasceu em 1818 a primeira igreja, em torno da qual a cidade começou.
(2) Monsenhor Henrique Nicopelli foi pároco da Igreja Matriz de Santa Bárbara de 1920 a 1952.
(3) Até 2013 passaram pela Paróquia 36 padres, sendo o atual pároco o Pe. Jucimar Bitencourt.
(4) Fotos: Bete Padoveze - junho 2013
(5) Em 18 de fevereiro de 2018 a Paróquia completará 176 anos.
Bete:
ResponderExcluirAgora você se superou!
Esta foi uma verdadeira reportagem. Ficou ótimo!
Muito obrigada!
ResponderExcluirEu, também, gostei muito. Parabéns pelo trabalho. Ricardo
ResponderExcluir