quarta-feira, agosto 22, 2012

Razão no. 4 - Cemitério do Campo (ou Cemitério dos Americanos)


Eu já era bem crescidinha, ou melhor, adulta, quando pela primeira vez visitei o Cemitério do Campo por ocasião de uma Festa Confederada.

Foi por volta dessa época que comecei a me dar conta dos diferentes aspectos de minha cidade, já que eu vivia absorvida pelos aspectos do meu próprio dia-a-dia, e mais nada...


Na ocasião, lembrei-me remotamente de algo a respeito, algumas menções em conversas, uma visita ao Museu da Imigração, mas ainda não me tinha dado conta do valor histórico que aquele local representava para a história de nossa cidade e para a história sulista americana após a Guerra da Secessão nos Estados Unidos, de 1861 a 1865.

Vista panorâmica (Foto: Lea Minshull 2003)
O Cemitério do Campo foi criado para atender um situação especial enfrentada pelos imigrantes norte-americanos que vieram para nossa região. Os cemitérios na ocasião pertenciam à Igreja Católica e com isso os americanos, que não eram católicos, viram-se sem um lugar para enterrar os seus mortos. O coronel Asa Thompson Oliver cedeu um hectare de suas terras para enterros de compatriotas e surgiu ali o Cemitério dos Americanos. Após sua morte, as terras foram vendidas à família Bookwalter, com a condição de preservar o cemitério.
Foto: Bete Padoveze 2007
O cemitério tem cerca de 400 túmulos em meio a muitas árvores, e um obelisco com a bandeira dos Estados Confederados e os nomes das 96 famílias norte-americanas que vieram ao Brasil e se estabeleceram na região. Um desses túmulos é o do coronel William Hutchinson Norris, oficial do exército confederado, senador pelo Alabama e figura central na saga da imigração americana ao país no século XIX.
Lápide de Minnie Seawright Rowe, nascida em 1885 e falecida em 1964 (Foto: Bete Padoveze 2007)
Os ancestrais da cantora Rita Lee (família Jones) também estão enterrados no Cemitério dos Americanos. Um dos livros mais conhecidos sobre a vinda dos confederados - Soldado descansa - foi escrito por uma tia de Rita, Judith MacKnight Jones.
Foto: Bete Padoveze 2007
Está enterrado ali também um tio-avô da mulher do ex-presidente americano Jimmy Carter, Rosalyn Carter.  Ambos visitaram o cemitério em 1972, quando Jimmy Carter era governador da Geórgia (quatro anos depois ele foi eleito presidente dos Estados Unidos).

Foto: Bete Padoveze 2007
Outro marco da imigração do sul dos EUA presente no Cemitério dos Americanos é a 1a. Igreja Batista erguida no Brasil em 1878. O prédio atual da capela foi construído em 1962.
Foto: Bete Padoveze 2007
Uma cerca simples separa as lápides e a capela da área social, onde se realizam os encontros e as festas, como nos velhos tempos, e onde ficam o palco para as apresentações e uma cabana de madeira abrigando um pequeno museu.
Foto: Bete Padoveze 2007
Estranhamente essa parte da história de nossa cidade não é muito conhecida pelos barbarenses. Em postagens futuras, falarei um pouco sobre a Imigração Norte Americana ao Brasil, o Museu da Imigração de nossa cidade, a Fraternidade Descendência Americana e o FolkDanci Group, todos eles ligados na preservação dessa memória.


Sem dúvida, o Cemitério do Campo é um dos pontos mais visitados pelos interessados em descobrir traços da imigração norte-americana na região. É ali que anualmente acontece a Festa Confederada (infelizmente não aconteceu neste ano - veja artigo abaixo, publicado pelo Estado de São Paulo).
O Folk Danci Group na Festa Confederada de 2010 (Foto: Bete Padoveze)
A Festa Confederada no Cemitério dos Americanos é um dos meus eventos favoritos. Gosto principalmente de ver a expressão das pessoas quando digo que vou à festa no cemitério - um misto de surpresa (Hãã!?!?), dúvida (mas será isso existe mesmo?) e desconfiança (será que ela está ficando louca, coitada?)...

Marco americano no Brasil precisa de ajuda

Atualização - XXVI Festa Confederada - 27 de abril de 2014

Na festa deste ano, uma novidade: as bandeirinhas confederadas ao lado dos túmulos deu um aspecto diferente ao cemitério. Gostei, ficou bacana, posso até dizer que ficou alegre!





Monumento ao Cel. William H. Norris, pioneiro da imigração norte-americana para a região 
O dia maravilhoso de sol cooperou imensamente para tornar a festa ainda melhor!



 
O trolley pertenceu a Robert Lee Ferguson e foi doado ao museu da Fraternidade Descendência Americana pela Família Ferguson.


Patchworks maravilhosos!! em exposição e à venda
Um pouco de música escocesa (bagpipe band)

Pose especial em frente à capela
A sempre esperada apresentação do FolkDanci Group
Parabéns, FDA!

Atualização: XXVII Festa Confederada - 26 de abril de 2015

Ao completar-se 150 anos do final da guerra entre os estados norte-americanos (em 15 de abril de 1865) e o início da jornada de imigrantes dos estados confederados para o Brasil, a FDA Fraternidade Descendência Americana realizou a sua tradicional festa confederada, reunindo um grande número de pessoas no seu já famoso Cemitério do Campo.

Sol, comida, bebida e alegria - os ingredientes que não faltaram e que proporcionaram aos participantes um dia memorável. 


Quase como nos velhos tempos!


Cenas que gostamos de ver na Festa Confederada



A Capela sempre com visitantes


O carroção enfeitado

A velha árvore ainda presente

As silenciosas e eternas presenças dos ancestrais


Dona Maria Weissinger, uma das ancestrais, aos 97 anos ainda prestigiando a festa


Homenagens 


A nova geração do FolkDanci já se preparando para as futuras festas


Pequenos, mas dando uma grande contribuição!

As meninas e seus lindos vestidos
Um pequeno detalhe num lindo azul como o céu do dia!
Os soldados dançarinos

A já tradicional presença das motos
O longo caminho de volta ao carro...


Atualização - XXIX Festa Confederada - 30 de abril de 2017










João Leopoldo F. Padoveze e Nanci Padoveze, num momento de triste emoção - a lembrança e a saudade de José Frederico F. Padoveze



Atualização - XXX Festa Confederada - 29 de abril de 2018

(Fotos: Bete Padoveze)



 Celebrando 150 anos da Fraternidade Descendência Americana


Celebrando 30 anos do FolkDanci Group

Mãe e Filha

Olívia, Bárbara e Mary Paige



Kelita Padoveze e Ricarte Crisp


Eu, Luana e Eduardo

Atualização - XXX Festa Confederada - 28 de abril de 2019

(Fotos: Bete Padoveze)

 João Leopoldo Ferreira Padoveze, atual presidente da FDA, e Miguel Adolfo Brito, Secretário de Desenvolvimento Econômico de SBO
João Leopoldo Ferreira Padoveze e Bárbara Padoveze Martignago no hasteamento das bandeiras.
O cemitério, uma pausa para visita obrigatória
Artur Armelin e sua linda parceira de dança


As novas gerações sempre participando
 Sempre lá, o carroção florido...
...e o Russo Jazz Band!
The New Drunks apresentando-se pela primeira vez na Festa (video)

Kelita Padoveze e Ricardo Crisp, dançando desde a formação original do FolkDanci
O can-can voltou!

Notícias

Cemitério do Campo celebra 150 anos (SBNoticias)

Cemitério do Campo Celebra 150 anos (Liberal)

Cemitério do Campo Celebra 150 anos (Tododia)

Cemitério do Campo de SBO Celebra 150 anos (Diário)


Série: 50 razões para amar SBO

6 comentários:

  1. Bete, realmente é um lugar que vale a pena ser visitado. Fomos,certa vez, Tico, Marta, alguns sobrinhos e eu, fazer uma caminhada até lá. Fato que jamais esquecerei.

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  2. Meus bisavós,avós,mamãe e papai, tios, tias, enterrados no Cemitério do Campo. Tenho muito respeito e amor por esse lugar.É calmo, e é emocionante saber que ali temos ex-soldados, pessoas que vieram com a cara e a coragem, buscar uma nova vida.Tenho orgulho dos meus antepassados. Tenho orgulho de nossa história!♥

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    1. Obrigada pelo comentário, Isabel Cristina!

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    2. Respeito e amor pq eles escravizaram, torturaram e assassinaram centenas de milhares??? Se orgulha disso???

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  3. Que tipo e orgulho vc sente abendo que descende de pessoas que escravizaram cruelmente outras pessoas?? que torturaram e assassinaram covardemente outras pessoas?? é que imigraram para o Brasil para continuar com as atrocidades das quais não abriam mão de praticar??

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