terça-feira, julho 16, 2013

Razão no. 27 - Cia. XekMat & Casa Encantada


Perdoem-me o trocadilho um tanto simplório (estou tranquila, sei que o farão), mas tenho que dizer: ao visitar a Casa Encantada, voltei encantada.

Já que me sinto perdoada, posso continuar.


Foto do blog da XekMat
Primeiro, é melhor conhecermos um pouco melhor a Cia. XekMat. Criada em 15 de outubro de 1990 pela iniciativa dos arte-educadores Amauri de Oliveira e Roberto Isler, é uma companhia teatral que procura unir educação e cultura em produções voltadas para públicos de todas as idades. Eu somente soube da existência da companhia quando, há muito tempo, o Mingo (do Minas Bar) os convidou para uma apresentação no Rotary Club por ocasião do Dia do Ator (se não me falha a memória, coisa bem possível de acontecer...).


Colagem extraída do blog da XekMat
Trabalhando em parceria com a Cultura de Santa Bárbara d'Oeste, a XekMat atua em várias áreas como o Teatro, a Contação de Histórias e a Literatura.

O repertório teatral da XekMat inclui:

- peças infantis: "Criança tem cada uma", "A galinha dos ovos de ouro", "Quero ser rei", "Do arco da veia", "Festa no Arraiá", "Comendo bem, que mal tem", "O vai e vem da água", "Ao pé da letra", "Histórias fantásticas de Pif e Paf", e inúmeras outras.


"Aventuras no Jardim", em novembro de 2008, no EMEI Amanda III, em Hortolândia (foto do blog da XekMat)
- espetáculos jovens e adultos: "Bombástica", "Um grito de alerta", "Guerra dos hormônios", "Nóis bem na fita", "Perigo.com", e mais outras.


Em 15.03.13, na Câmara Municipal de SBO, apresentando "Causos de Nossa Terra", em homenagem ao Dia Internacional da Mulher
- espetáculos para empresas: "Segurança pra que te quero", "Fumar prá que, prá que fumar", "Viva melhor", etc.



Na Casa Encantada, espaço multicultural reconhecido em 2008 com o prêmio "Ponto de Leitura" pelo Ministério da Cultura, são realizados cursos e oficinas de formação de contadores - Encanta Conto (contação, fantoches, materiais de contação, etc.). 


Na Livroteca da Casa Encantada (foto do site CulturallMind)
Outras atividades realizadas dentro do projeto Contação de Histórias:

- visita monitorada de grupos agendados, acompanhados por equipe de contadores de  histórias

- projetos especiais em parceria com secretarias municipais de educação da região, inclusive levando a contação até as unidades de ensino


Escola Nossa Senhora de Fátima, em Hortolândia, em novembro de 2009 (foto do blog da XekMat)
- encontros regulares, regionais e nacionais de contadores de histórias


Na Casa Encantada também se aprende a fazer fantoches e bonecos
- saraus culturais unindo contadores de histórias, atores, escritores, músicos.

- contação de histórias em escolas, entidades, empresas, ONGs


Escola Bitu, de Americana, em dez-2011 (foto do blog da XekMat)
- participação na formação da Confraria do Conto, grupo de contadores de histórias da região metropolitana de Campinas

A Cia. XekMat é também membro da Red Internacional de Cuentacuentos.


Junte uma velha, muito velha, chamada Firinfinfelha, dona de uma casinha pequenina com quintal e um bananal. Some a ela umas dores aqui e outras ali... Ah! E um reumatismo misturado com pão durismo. Acrescente um macaco levado, chamado...Sei lá!... Que tal Simão? Ele doido por banana; ela doida pra dizer não! Entre mutretas, tramóias e maracutaias, está armada a confusão. E dessa mistura sairá nada mais nada menos que uma deliciosa aventura ou como dizem os mais antigos: “um bão causo”! Com sabor de banana, claro!  (Texto e fotos extraídos do blog da XekMat)
Em seu terceiro ano de atividades na Literatura, a XekMat realiza anualmente a FLISB - Festa Literária de Santa Bárbara d'Oeste, com artes cênicas, contação e declamação. É responsável pela formação da "Roda Literária", onde escritores se reunem para elaborar projetos de divulgação e disseminação da leitura e escrita. Também foi responsável pela pesquisa e elaboração do livro "Contos e Causos de Santa Bárbara".


3a. FLISB - out-nov 2012 (foto do blog da XekMat)
Bem, num resumo, a XekMat participa de projetos como Graça na Praça, Encanta Conto, Arte no Parque, Santa Bárbara em Cena, Teatrando, Conselho Municipal de Cultura de Santa Bárbara, Forum Municipal de Teatro, Viajante do Tempo, Toró de Histórias.


D. Margarida das Graças Martins e seu escravo na Caminhada Cultural de 2010 (foto: Bete Padoveze)
Roberto e Amauri, ambos professores, se descrevem como atores, autores, diretores e arte-educadores (e outros 'ores'), e usam em suas produções recursos naturais caríssimos, raros e esgotáveis: tempo, criatividade e vontade. Algumas de suas aquisições de materiais - disse-me Roberto -  são feitas no Shopping Caçamba.


Ao percorrermos o amplo e agradável quintal da Casa Encantada - um quintal de 'vó', Amauri lembrou que hoje as familias estão cada vez mais aumentando o tamanho das telas de TV e diminuindo o tamanho dos quintais de suas casas.


Amauri e Roberto na Virada Cultural Paulista 2011 (foto: Bete Padoveze)
Infelizmente a Casa Encantada, que hoje está na Avenida da Saudade, terá que se mudar para um outro espaço, já que o novo custo do aluguel está acima do orçamento. Coisas da vida...

A Casa Encantada possui espaços para as diferentes atividades: o Coisa Fofa, para contação de histórias com bonecos de pano,  a Livroteca, o Recanto do Encanto.






Conversando com o Amauri e o Roberto, concluí que:

- a vida de palhaço nem sempre é engraçada - muitas vezes, antes de arrancar risos de adultos e crianças, é preciso engolir o soluço e enxugar as lágrimas...

- a vida de educador demanda mais aprender do que ensinar

- a vida de artista exige muita matemática, ou seja, a arte de somar pequenos valores e dividir o resultado para os muitos fatores de necessidade, multiplicar esforços e potencializar recursos, resolver complicadas equações... Nem sempre os números são positivos, mas aí entra a criatividade do artista, que transforma o negativo em soma de experiência de vida.

Em 22 anos de existência, a XekMat montou 61 espetáculos, dos quais fez 4.675 apresentações no âmbito de 20 cidades. Nesse tempo, formou 63 atores. 



No último dia 5 de julho, na praça central, a Cia. XekMat e a Casa Encantada, em parceria com o Conselho Municipal de Política Cultural e apoio da Secretaria de Cultura e Turismo, encerraram mais um curso de contação de histórias. O curso gratuito comprende 12 aulas ministradas pelos contadores da XekMat Amauri e Roberto e são direcionados a profissionais das áreas de educação, saúde, bibliotecas ou qualquer pessoa interessada em aprender as técnicas.

Contação de histórias no Museu da Imigração na Virada Cultural Paulista 2011 (foto: Bete Padoveze)
Nestes anos de atividade, a Cia Xekmat e a Casa Encantada já formaram mais de 20 turmas diferentes de contadores de histórias, num total de cerca de 450, ajudando Santa Bárbara, juntamente com os encontros regionais e nacionais de contadores, a se tornar a Capital Nacional da Contação de Histórias.


Pif e Paf, os famosos personagens da Cia. XekMat (do blog da XekMat)

Agora espero que você diga comigo: Cia. XekMat e Casa Encantada, encantada(o) em conhecê-las!


Cia. XekMat Blog

Cia Xekmat ganha prêmio da Secretaria de Cultura do Estado

                                          Série: 50 razões para amar SBO

terça-feira, julho 02, 2013

Razão no. 26 - Igreja Matriz de Santa Bárbara



Visão frontal da Matriz de Santa Bárbara - Junho de 2013 (foto: Bete Padoveze)
Ao entrar na Igreja Matriz de Santa Bárbara pela primeira vez (ou pela enésima, seja lá como for), não entre imediatamente após cruzar a grande porta frontal de madeira. Detenha-se um minuto para observar as paredes laterais: nelas você verá dois grandes painéis de pisos antigos, que foram retirados dos primeiros revestimentos do chão e lá colocados para lembrar um pouco da história da construção da igreja, que diretamente representa a fundação da cidade (1).

À direita de quem entra estão os ladrilhos menores, mais antigos do que os ladrilhos maiores no painel à esquerda.
Foto: Bete Padoveze - junho 2013
Após os painéis de ladrilhos você encontrará uma segunda porta com um grande vitral, sempre aberta em horários de missa ou cerimônias. Esse vitral tem o desenho de um Coração Aberto, já que a Matriz de Santa Bárbara representa o coração da cidade que acolhe a todos.
O Coração Aberto - Junho 2013 (Foto: Bete Padoveze)

Lá dentro, em geral o primeiro olhar é para o altar, obviamente o foco central de qualquer igreja. Lá estão as pinturas dos anjos de que tanto gosto...

Fotos e Colagem de fotos: Bete Padoveze - junho 2013
Olhar para os anjos pintados na parede do altar da Igreja Matriz de Santa Bárbara sempre me remete de volta à infância.Eles me fascinam pela beleza da pintura, pela expressão suave dos movimentos e das cores usadas. Por estarem tão menos ao alcance, lá no fundo do altar, também exalavam (ainda o fazem, de certa forma) o mistério do sagrado e do intocável.
Restauração da pintura do altar-mor nos anos 60. Foto obtida do site do Cedoc da Fundação Romi mostrando (1)  Paulo José da Silva e (2) Mauro Ramos
A leveza da pintura angelical acalmava. Ao contrário, as cenas da vida de Santa Bárbara retratada em cores fortes nos vitrais quebrava essa sensação celestial e me trazia de volta para o mundo dos homens e seus violentos preconceitos, que a história da vida da santa descreve. Os vitrais abaixo, instalados em 1949, foram restaurados em 2004.


O pai de Bárbara, o nobre e rico Dióscoro, descobre que sua bela filha, nascida na Nicomédia, hoje Izmit, Turquia, se convertera ao cristianismo. (4)
Desconcertado diante da cidade pela escolha da filha, Dióscoro a ameaça. (4)
Bárbara foge do pai. (4)
Dióscoro, o pai de Bárbara, a denuncia às autoridades. (4)
Presa, é torturada para desistir da fé, tem seus seios cortados e morre degolada, sendo seu pai o próprio carrasco. Diz a estória que nesse momento um imenso trovão ribombou pelos ares fazendo tremer os céus, um relâmpago flamejou e atravessando o céu fez cair por terra o corpo sem vida de Dióscoro. Por isso Santa Bárbara é conhecida como protetora contra os relâmpagos e tempestades. (Obs.: há na igreja um relicário com um pedacinho ósseo de Santa Bárbara). (4)
Sentimentos diferentes, obras de arte diferentes, ambos belos e ambos no mesmo lugar. Como quase tudo, despertam sentimentos conflitantes. Tive muitas oportunidades de me deixar levar pelos pensamentos olhando essas obras religiosas, pois, quando criança, fazendo companhia frequentemente à minha vó paterna, Dona Josefina, por várias vezes fomos a duas missas no mesmo dia, uma de manhãzinha e outra à noite!

Também em 2004 foram instalados novos vitrais retratando os apóstolos evangelistas.


Fotos: Bete Padoveze - junho 2013
Dos três vitrais antigos representando a Última Ceia, apenas uma parte foi encontrada, sendo restaurada e compondo hoje o vitral da capela lateral, dedicada ao Santíssimo Sacramento.
Foto: Bete Padoveze - junho 2013
Foto: Bete Padoveze - junho 2013
Voltando um pouquinho na história, a Capela Curada de Santa Bárbara, construída em 1818 em taipa, em terras cedidas pela fundadora Dona Margarida da Graça Martins à Cúria Paulistana,  foi elevada à condição de Paróquia em 1842, sendo pertencente à Diocese de São Paulo e tendo como primeiro vigário o Padre Francisco da Ressurreição Gonçalves. (3)

Ao longo dos anos, foi recebendo melhoramentos e mudanças, sempre contando com a ajuda dos fiéis e da população.
A igreja em 1910 (do site da Câmara Municipal)

Em 1912, início da montagem dos andaimes de madeira para a construção da torre (Fundação Romi)
A igreja recebeu luz elétrica apenas em maio de 1915 e em 1917 foi colocada a cruz na torre.


A torre em reforma em 1918 (foto do site da Câmara Municipal)
Após uma grande reforma iniciada em 1920 pelo Monsenhor Henrique Nicopelli, as obras foram entregues em 27 de abril de 1941. (2) 

Um dos itens foi a troca do púlpito de madeira pelo de mármore, que posteriormente foi removido em outra reforma.

Em 1941, foi colocado o púlpito de mármore (ainda se vê o de madeira ao lado). Foto obtida do site do Cedoc da Fundação Romi.

Na foto acima, registrada por Augusto Strazdin, também de 1941, o púlpito e os altares laterais ainda são de madeira (foto obtida do site do Cedoc da Fundação Romi).

Também em 1941, a lateral esquerda da igreja, na Rua Santa Bárbara (foto extraída do site do Cedoc da Fundação Romi).

Foto registrada em 18 de agosto de 1956 (do site do Cedoc da Fundação Romi) 

Na foto abaixo, registrada em 9 de junho de 1977, a praça em frente à igreja está decorada para a procissão de Corpus Christi. Pode-se ver em primeiro plano o relógio de sol que foi construído na gestão do prefeito Landucci e que foi retirado em 1987. 
Foto obtida do site do Cedoc da Fundação Romi
Em 2003, com uma pintura externa diferente  (Foto: Lea Minshull)
Detalhe de painel em azulejo queimado na torre (foto: Bete Padoveze - set2012)
Vista lateral externa (lado direito) - a porta menor dá acesso à secretaria  (foto: Bete Padoveze - jun 2013)
O altar-mor, tendo ao fundo as pinturas dos anjos, reúne linhas clássicas e modernas, e o resultado é um visual simples e refinado.


 A pia batismal,
 
as grandes portas externas de madeira entalhada, 









as pinturas no teto da ala lateral,
o balcão do coral, 












são mais alguns componentes importantes que preenchem o espaço e conferem mais beleza à igreja. (4)

Em 18 de fevereiro de 2012 a Igreja Matriz de Santa Bárbara, marco 'O' de nossa cidade, completou 170 anos de sua elevação à categoria de paróquia. (5)


Os belos vitrais, alguns novos e outros restaurados, são a característica mais marcante da igreja. (Foto: Bete Padoveze - junho 2013)
Atualização em 29 de julho de 2019
A Igreja Matriz de Santa Bárbara foi tombada como patrimônio cultural, histórico e arquitetônico da cidade, conforme decreto no. 6.796 de 9 de janeiro de 2018, publicado no Diário Oficial do Município. A área tombada possui 2.256,01 m², localizada nas ruas Dona Margarida, General Osório e Santa Bárbara com a Praça Rio Branco.  

(1) Dona Margarida da Graça Martins, fundadora da cidade, doou terras à cúria paulistana para que nelas fosse levantada uma capela à sua santa de devoção, Santa Bárbara. Assim nasceu em 1818 a primeira igreja, em torno da qual a cidade começou.

(2) Monsenhor Henrique Nicopelli foi pároco da Igreja Matriz de Santa Bárbara de 1920 a 1952.

(3) Até 2013 passaram pela Paróquia 36 padres, sendo o atual pároco o Pe. Jucimar Bitencourt.

(4) Fotos: Bete Padoveze - junho 2013

(5) Em 18 de fevereiro de 2018 a Paróquia completará 176 anos.