terça-feira, outubro 08, 2013

Razão no. 28 - EE "José Gabriel de Oliveira" e seus 100 anos de atividade

"Só o bom ensino resiste ao tempo"

Este é o slogan que tem acompanhado as comemorações dos 100 anos de atividade da Escola Estadual "José Gabriel de Oliveira".

 
Desfile de 7 de setembro de 2012 (foto: Bete Padoveze) 

Bem, acho que o tempo confirma o que é bom ou elimina o que é ruim. Nesta minha crônica não é o caso de falarmos sobre dados de exames de avaliação de escolas, já que são dados técnicos e precisam ser entendidos considerando-se os parâmetros específicos e por quem conhece o assunto.


A EE José Gabriel de Oliveira em 05 de outubro de 2013 (1)

Podemos, sim, falar da importância de uma escola na sua cidade e na vida de seus cidadãos e, indubitavelmente, a EE Gabriel de Oliveira imprimiu marcas indeléveis e influências fortíssimas em seus alunos do passado e de hoje.


Alunos em frente ao Grupo Escolar José Gabriel de Oliveira (foto: Augusto Strazdin, da coleção particular de Cícero Queiroga, extraída do site do Cedoc da Fundação Romi)

Em seus bancos escolares muitas importantes personalidades barbarenses tiveram sua educação básica (somente em 1940 a cidade ganhou uma nova escola – o Grupo Escolar Inocêncio Maia). Além disso, foi a primeira a oferecer o pré-primário, àquela época conhecido como Jardim de Infância. Lembro-me que em 1959 minha irmã Tere frequentou o jardim de infância – uma possibilidade bem remota para famílias simples como a nossa - e era fascinante ver os seus trabalhos coloridos e criativos feitos em classe.


Esta foto de agosto de 1932 retrata os alunos do Jardim de Infância da Prof. Mercedes Munhoz vestidos de enfermeiras e soldados em apoio à Revolução Constitucionalista, que atualmente comemoramos em 9 de julho. (foto extraída do site do Cedoc, colaboração: Lia Rangel Frota Fonseca).

O início

A EE José Gabriel de Oliveira foi criada por decreto de 11 de março de 1913, tendo a escola começado as aulas no novo prédio no dia 29 do mesmo mês, com o nome de "Grupo Escolar de Santa Bárbara", atendendo a quase 250 alunos. Em 1938 passou a se chamar "Grupo Escolar José Gabriel de Oliveira", até se tornar uma escola da Rede Estadual de Ensino, quando adotou a atual denominação.


Trabalhos de construção em 1912 (2) 


Em 1913, ano da inauguração (3) 

As conversações para a criação da escola começaram em 1901, mas a construção apenas iniciou-se em 1902. Porém, devido às poucas condições financeiras do município os trabalhos iniciados (alicerces e começo das paredes) ficaram suspensos por quase 10 anos, tendo recomeçado em 1911 e sendo concluídos em 1913.
                                                

Esta foto faz parte do livro Álbum Ilustrado da Cia Paulista de Estrada de Ferro, editado em 1918, lançado por ocasião da inauguração da estação ferroviária em 1917. Nessa época o Grupo Escolar era todo murado e a rua era de terra batida (foto extraída do site do Cedoc, do álbum da Cia Paulista doado por Ricardo Luiz Elias)

As comemorações pelos 100 anos começaram em março deste ano e em outubro a escola comemorou o dia do patrono, abrindo as suas portas ao público no dia 05 de outubro para as visitas às instalações e à mostra fotográfica.


A Gabriel de Oliveira é uma das 12 escolas do interior paulista que completam 100 anos em 2013 (1)


Homenagem prestada pela Câmara Municipal em 11 de março de 2013 (foto extraída da página da escola no Facebook)

Durante a mostra expositiva, entre objetos exibidos nas salas de aulas podia-se encontrar, além de trabalhos executados por alunos, equipamentos antigos, uniforme antigo e os livros de registro de matrícula dos alunos e dos professores e funcionários. A foto abaixo mostra o livro de 1913 com os primeiros professores:

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Vários eventos foram programados para marcar o centenário: abertura da Cápsula do Tempo preparada no aniversário de 90 anos, apresentação do coral do Clube das Avencas, da Famam, do Coral em Braille, do Folk Danci Group, apresentação teatral, plantio de árvore, bem como as homenagens como a que aconteceu em março na Câmara Municipal. Ainda por acontecer no dia 18 de outubro está um jantar de confraternização no espaço Jardins Eventos. 

Uma outra atividade comemorativa foi o lançamento em março do selo comemorativo dos 100 anos.

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O Patrono Cel. José Gabriel de Oliveira e Souza
José Gabriel de Oliveira e Souza, barbarense, nasceu em 8 de outubro de 1861 e faleceu em 31 de julho de 1938, aos 76 anos de profícuo trabalho em favor de nossa cidade. Era filho de Antonia Ferraz de Souza Campos e Antonio Theodoro de Oliveira e Souza. Seu pai foi presidente da primeira Câmara Municipal instalada em 1879; em outros períodos foi intendente, vereador e juiz de paz.

Em primeiro plano, da esquerda para a direita, sentados, o casal Ana Tereza Pompeu de Oliveira e José Gabriel de Oliveira e Souza. Em pé, Adelina, seu esposo Antonio de Arruda Ribeiro e filhos. (foto da coleção de Antonio Fernando de Arruda Camargo Neves, extraída do site do Cedoc) 

Residindo sempre em nossa cidade, aqui estudou e se dedicou à carreira comercial, no estabelecimento de seu pai. Ainda jovem foi chefe do Partido Republicano e na política, como intendente e prefeito, conseguiu grande obras para a pequena Santa Bárbara dos Toledos, entre as quais: Praça Central e a Casa de Câmara e Cadeia (hoje Museu da Imigração) em 1896, a construção do Grupo Escolar de Santa Bárbara, que hoje leva o seu nome, a implantação da Energia Elétrica em 1915, o empenho a favor da construção do Ramal Ferroviário, doando terras para a construção da estação.

Influenciou grandemente outras obras como a Cia. de Estrada de Ferro e Agrícola de Santa Bárbara, em 1914, e a Cia. Fiação e Tecelagem Santa Bárbara em 1922.

O prédio
A E.E. José Gabriel de Oliveira está localizada na área mais central da cidade, à Avenida de Cillo no. 67, e ainda preserva na sua calçada lateral ao longo da Rua XV de Novembro belas árvores, que são um convite para descansar um pouco à sombra.

                                               Fotos e colagem: Bete Padoveze 07.09.12

O prédio – edifício de um só pavimento com influência europeia, e parte de um projeto do arquiteto José Van Humbeeck para 7 escolas - mantém as suas características arquitetônicas principais, sendo a mais marcante a existência de um pátio interno com jardins e fonte, em torno do qual estão as salas de aula que se abrem para um corredor em torno desse pátio.

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Pelo alto valor histórico na evolução educacional do Estado de São Paulo, juntamente a outras 122 escolas públicas da capital e do interior, sua estrutura foi tombada pelo Conselho do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), conforme publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo, do dia 7 de agosto de 2002. É uma das 12 escolas do interior paulista construídas durante a Velha República (1889/1930) que completam 100 anos de existência 2013.


A lateral da escola à rua XV de Novembro na década de 1960.


Vista lateral em 05 de outubro de 2013 (1)


A quadra de esportes na outra lateral do prédio foi inaugurada em 10 de novembro de 1963, por ocasião das comemorações do cinquentenário de inauguração do prédio e dela se vê parte da Igreja Presbiteriana Central e edifício de apartamentos.


A escola hoje
A escola oferece hoje Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Ciclo II – 5ª. a 8ª. Série, para cerca de 720 alunos, com 40 professores e 12 funcionários.


A biblioteca e sala de leitura hoje (1)


A sala de video (1)


A sempre prestigiada fanfarra da EE Gabriel de Oliveira (foto: Bete Padoveze 07.09.12)

Bem, nessa longa e centenária vida, acho que a E.E. José Gabriel de Oliveira deixou saudade no coração de seus alunos – fico a imaginar quantos já brincaram ao redor e à sombra do majestoso flamboyant...

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E eu deixo aqui os meus parabéns aos alunos, ex-alunos, professores, funcionários e o meu grande abraço por intermédio da velha e generosa árvore no seu pátio!


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Atualização em 30 de junho de 2023 (3)

Celebrando os 110 anos da Escola, o Museu da Imigração preparou uma mostra fotográfica trazendo relatos desde o início das discussões sobre a construção da centenária escola barbarense, sua inauguração, reforma e tombamento, comemorações, registros e até curiosidades. 
















JJ Bellani visitando a exposição em 27.06.23


Fontes:
Jornal Diário de SBO – edição de 10.02.13


8 comentários:

  1. Que bacana! Não sabia que era uma escola tão antiga. Fiquei contente de saber que o prédio foi tombado.

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  2. Sinto que este é um exemplo de como a escola pública foi, realmente, a base da educação e ensino durante, pelo menos um século. Personalidades ilustres de nossa história iniciaram os seus conhecimentos em escolas como esta. Hoje, infelizmente, consequência de uma administração pública ineficiente, desestímulo ao professor, a escola privada tomou conta e, somente frequenta a escola pública os menos privilegiados financeiramente. Bete, parabéns pelo seu trabalho de pesquisa sobre tema tão significativo. Ricardo

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  3. Anônimo11:54 AM

    Bete, belo registro de um marco da Educação barbarense. Obrigado, Celso Gagliardo

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  4. Anônimo7:05 AM

    Allan

    Estudei dos 7 aos 16 anos nesta escola. E posso dizer que foram bons tempos! Na verdade era tão bom estudar no JGO que eu odiava as ferias. A prof. Soraya de portugues me ensinou muito mais que analises sintaticas, Ela me ensinou a questionar o mundo a minha volta, e isso foi fundamental para que eu nao me acomodasse com nada.
    Esse é o papel da escola, gerar mentes pensantes.
    Devo a esta escola os melhores momentos da minha vida.

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  5. Nossas, fiquei muito feliz em rever a escola que muito amei, estudei aí em meados de 1975/1976 sinto muitas saudades😍😍😍

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  6. Aqui é o Washington Bergamo Ruiz, e fiquei muito feliz de conhecer um pouco mais desta escola, onde o primo do meu avô, Antonio Bruno de Oliveira, estudou. Meu E-mail wbruiz@uol.com.br

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  7. Anônimo12:51 AM

    Estudei nessa instituição de ensino no longínquo ano de 1997, contudo, as lembranças construídas no prédio em questão me são caras e permanecerão comigo pelo resto da minha existência. Infelizmente, há dois anos estive no local, em época de férias escolares, portanto, sem a presença de alunos, objetivando apresentar aos meus filhos os lugares que fizeram parte da minha vida, arquitetando uma visita as minhas próprias origens, ocasião na qual me fora negado acesso pelos funcionários que labutavam naquela data. De todo modo, me sinto parte da história do colégio e parabenizo a pesquisa perpetrada a seu respeito.

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