domingo, fevereiro 17, 2013

Razão no. 20 - Corporação Musical União Barbarense


114 anos.

Sim, esta é a idade da Corporação Musical União Barbarense, uma das bandas mais antigas do Estado de São Paulo e precursora de outros grupos da região. Quem nasceu aqui e ainda está vivo certamente já ouviu falar dela, já a viu e ouviu nas festividades da cidade e em momentos especiais.
A corporação Musical União Barbarense em 1908

Fundada em 1898, a Corporação Musical União Barbarense é uma associação civil de âmbito municipal sem fins lucrativos, declarada de Utilidade Pública pela Lei Municipal nº. 1.235 de 15 de outubro de 1976.

Tudo começou quando algumas pessoas, dentre elas Lázaro Domingues, pensaram em formar uma pequena banda. Surgiu daí a Corporação Musical Galdino Siqueira, que em 1o. de maio de 1909 passou a chamar-se Corporação Musical União Barbarense.      

 Em 1934 - entre os músicos identificados na foto estão Napoleão Matarazo, Francisco Domingues (Chico), Sebastião da Costa Machado (Major), Ficher, Zico Bode, Benedito Amaral, Bondace, João Calvino, e um dos meninos é Nor Major. (Acervo Centro de Memória, foto obtida através do site do Cedoc Fundação Romi)
Em todos esses quase 115 anos, a Corporação Musical União Barbarense esteve presente em inúmeros eventos importantes da comunidade barbarense e, assim, a sua trajetória acompanha a história da cidade. No final das procissões, nas solenidades políticas, nos eventos esportivos, nos acontecimentos culturais, quem pode dizer que nunca a viu?

A banda, a praça, o coreto - estas palavras estiveram por muitos anos associadas em nossa memória auditiva e visual. A praça central já não é mais a mesma, o coreto deixou de existir, outras praças vieram compor a paisagem urbana barbarense. As festas de então, em grande parte de fundo religioso ou cívico, se modificaram, cederam lugar a eventos populares de formatos diversos. Mas a banda continuou e ao longo dos anos foi se adequando ao tempo, ao espaço e ao público. Foi também inspirando e assim surgiram outras bandas na cidade.  
Foto de 1º de abril de 1937, na Praça Central - da esquerda para a direita e de cima para baixo, os músicos, Theodoro Batalha, Ângelo Giubbina, Renato de Souza, José de Campos, Gilberto de Campos, Alcides Fischer( Fichão), Martinho Fischer, Benedito Amaral, Antonio Dias, Augusto Pires, Antonio Pompeu, José Lopes, Zinho Kuerche, Angelo Fischer( Fichinha), Durval Barbosa,Benedicto Borboleta, Antenor Major, Napoleão Matarazzo, João Calvino, Arthur Schwartz, Antenor Kuerche de Meneses (Nôr Kuerche), Benedicto Major, Homem Batalha (Menzinho Batalha) Francisco Domingues. Coleção Centro de Memória de Santa Bárbara d'Oeste, obtida através do site do Cedoc da Fundação Romi.
O número de integrantes da Corporação Musical teve variações ao longo de sua existência. Hoje o grupo conta com  30 músicos aproximadamente, podendo variar um pouco entre as apresentações e os ensaios  As apresentações estão vinculadas ao calendário da Secretaria de Cultura, que indica os eventos e locais: praça central, bairros, escolas, eventos cívicos, religiosos, aniversário da cidade, etc. A banda se apresenta fora de SBO também, não com tanta frequencia, em festivais de banda, etc. Os ensaios acontecem todas as quartas-feiras na sede à Rua Santa Bárbara, 338. 

Os músicos são de faixas etárias variadas. Muitos são jovens - o que é bom para a continuidade de instituição - e há músicos mais velhos, como o Bonano e o Lázaro Faria, que têm por volta de 84 anos e estão na banda desde que tinham 14, 15 anos! O maestro é Rogério de Souza Lima, de Nova Odessa, o presidente atual é o Ditinho - Benedito de Godoy Bueno,  e o vice-presidente Fábio Sans Mello, que já estão há muitos anos acompanhando a trajetória da corporação.
Foto de 2010 na comemoração dos 141 anos da Câmara Municipal de SBO (foto: site da Câmara SBO)
"A banda recebe um subsídio da Secretaria de Cultura de forma mensal e com isso mantém a limpeza da sede, reforma de instrumentos, café e uma verba para os músicos em torno de R$ 200,00. O maestro recebe R$ 600,00. Muito aquém do devido. Cidades vizinhas nossas remuneram muito mais os músicos. A gente segue com a banda sempre com dificuldades. Há um grupo de abnegados ali, situação notável. Saber que ela vai fazer 115 anos em 1 de maio próximo e de atividades ininterruptas é muito legal. mas não é fácil", diz Fábio Mello.


Com dificuldades, sim, mas a Corporação Musical União Barbarense continua. A banda continua passando, levando a quem a assiste - esteja ou não à toa na vida - a sua mensagem de amor pela música e pela cidade!


"Minha cidade toda se enfeitou prá ver a banda passar cantando coisas de amor." (Chico Buarque de Hollanda

Atualização em 14/04/24 - Apresentação em frente à Estação Cultural






Fontes: As informações atuais foram obtidas com o Fábio Sans Mello, vice-presidente atual, e os dados históricos através dos documentos do site do Cedoc da Fundação Romi. 

Para saber mais: 100 anos da Corporação Musical União Barbarense, Autor(es): Queiroz, Adolpho Carlos Francoso, e Quirino, César José Bueno - 1998
Sede da Corporação Musical União Barbarense: Rua Santa Bárbara, 338 - Centro.

Atualização em 11.08.15: Prefeito Denis Andia assina convênio para repasse de recursos à Corporação Musical União Barbarense

  

4 comentários:

  1. Eu tive a oportunidade recentemente de assistir a uma apresentação desta banda.Gostei muito.
    É lamentável que o poder público da cidade não valorize estes músicos que fazem parte da tradição local!

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  2. Por outro lado, o que se nota é que a população também não prestigia e valoriza os eventos culturais mais tradicionais. Por isso considero esses músicos realmente pessoas abnegadas ao conseguir manter a banda em atividade.

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  3. Anônimo10:44 AM

    Diga-se de passagem, é visivelmente notado que uma corporação que tenha durado tantos anos assim cativando e cultivando a história musical de Santa Bárbara d´Oeste seja esquecida aos trancos e barrancos, abandonada não só pelo povo mas pelas admnistrações que passaram por ela até hoje.
    Para aqueles que desconhecem a banda sobrevive com instumentos que têm quase a mesma idade da mesma, ou metade disso.Irônicamente é plausível que uma banda centenária sobreviva, mas não em condições como estas.
    Há muito tempo a Corporação vive em descaso desmerecida por muitos barbarenses que se quer sabem que existe, bandas como esta são raras no país, mantém um histórico musical incrivelmente abrangente que deveria ser mais valorizado.
    A ultima valorização descente e pública feita para a banda foi no seu Centenário em 1998, onde houve uma imensa comoção do público, diversas matérias e eventos para celebrar a data, inclusive o lançamento de um livro contando a história de músicos que fizeram e faziam parte da corporação.
    E mais, muitos senhores alí já de idade avançada, manifestaram sua imensa dor e tristeza já antes da morte ao ver uma corporação já se definhando, sendo esquecida pelo povo.

    Espero que um dia os barbarenses tomem nota do grande patrimônio que tem em mãos e preservem-no verdadeiramente afinal, essas chamadas "BANDINHAS DE CORETO", "BANDINHAS DE RETRETA", fazem parte da história do país.



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  4. Celso Luis Gagliardo7:33 AM

    A Corporação Musical União Barbarense é um patrimônio da cidade. Infelizmente houve um esvaziamento no movimento de bandas em geral, não apenas em SBO. Parabéns àqueles que ainda lutam pela sua manutenção, fazendo cultura e incentivando novos membros à vida musical. Sou de um tempo que havia banda na praça pública, sempre, e também nas inaugurações, nos desfiles de datas cívicas, e até em procissões regiliosas e antes de grandes jogos de futebol. Confesso que estou com saudades de um som festivo de uma boa banda.

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