segunda-feira, maio 01, 2006

Nada de novo


A vida parece ter nenhum sentido quando acordo, abro a janela e a perspectiva que vejo é a mesma do dia anterior. Planejo o meu dia e vejo as mesmas pessoas, tarefas e lugares - nada de novo.

Tudo tão antigo como eu mesma me sinto. A emoção de outrora dando lugar às necessidades de todos os dias - nada de novo.

Quando finalmente vou ceder aos meus sonhos? Quando vou descobrir maneiras novas de viver, já que a vida é tão breve e fugitiva?

Nos minutos de insensatez frente ao espelho, pesquiso novas fronteiras de vida. No entanto, mecanicamente repito os mesmos gestos de todos os dias - nada de novo. Apenas vejo uma face ligeiramente conhecida, com mudanças que não percebo.

Seria a vida tão difícil de saborear ou apenas eu não consigo entendê-la?

No caminho, vou descobrindo que as mesmas coisas que fiz ontem serão necessárias amanhã (e se a vida não for como nos meus sonhos? Será que me engano todos os dias?), e não há como ignorá-las.
Decido que as repetirei cada vez que for preciso, e na manhã seguinte, ao abrir as janelas, questionarei novamente as minhas decisões até aceitá-las. Sempre farei assim - nada de novo.

22/08/91
Foto: Bete Padoveze - Piracicaba - Rua do Porto, 2005

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