sexta-feira, abril 07, 2006

Pastel na Feira Livre


Você quer se divertir? Eu também. E quanto custa aproveitar a vida?

Num mundo em que tudo tem preço (e às vezes bem alto!), fazer algo prazeroso começa a se tornar difícil. E quanto maior o custo, maior o planejamento, maiores os cuidados para aproveitar ao máximo o valor envolvido. Viagens, idas ao shopping, ao cinema, jantares, teatros, passeios e noitadas demandam uma certa organização para que tudo corra como deve ser e que não reste aquela sensação residual incômoda, tipo “podia ser melhor pelo tanto que eu gastei”...

Pois é, às vezes divertir-se cansa! E estressa demais! Horas de espera, filas, trânsito, desencontros, decepções...

Mas nem tudo é assim. Tem gente que ainda consegue encontrar coisas mais simples para fazer, baratas e prazerosas. Há uma porção delas, acredite! E, veja, aqui mesmo, em Sbó. Eu sei que existem, também estou procurando encontrar todas... Como se diz que não há nada a se fazer em nossa não-tão-pequena-mas-um-tanto-provinciana cidade, fica aqui meu pedido e desafio para que o leitor me escreva dizendo o que gosta de fazer nas suas horas mais amenas.

Quer ver um exemplo? Aquela rapaziada que sai pela noite do sábado com amigos prá conversar, dançar, ficar nas avenidas, etc. - acabou a noite, acabou o gás, é hora de voltar prá casa dormir. Um pouco antes, a parada final - a feira livre. É claro que ninguém fará compras a esta hora, pois ninguém é de ferro – todos já estão cansados de se divertir. É apenas um pit-stop para recarregar até chegar em casa definitivamente. E, assim, uma paradinha na banca de pastel da feira livre dá aquela sensação de fim de tarefa, de satisfação, aquecendo o estômago para uma noite, digo, dia de sono. Aproveitando o momento, um caldo de cana tirado na hora acompanha o pastel quentinho, quentinho, e dá aquela sensação relaxante absolutamente indispensável. Dá tempo de jogar mais um pouco de conversa fora, diminuir o zunido na cabeça, chegar em casa mais inteiro.

Comer um pastel com caldo de cana na feira (ou com uma caçulinha, coisa nossa, de Sbó) é um dos costumes pitorescos que a cidade pequena exportou para as cidades grandes. Coisa boa, às 5 da manhã (ou mesmo antes, às 3, às 4), no fim da noitada, ou no começo do dia, para quem não é da noite. Uma festa depois da festa!


Foto: Lea Minshull (maio 2005)
Foto: Lea Minshull (maio 2005)
Como pano de fundo, o burburinho do início do trabalho na feira, gente montando barracas, pessoas chegando, o fechar da noite, o nascer do dia, meio-lua-meio-sol. A vida como ela é, sem muito brilho ou sofisticação, mas ainda assim charmosa pela sua autenticidade. O cheiro das frutas nas bancas, fácil de sentir ao passar pelas barracas. Charme e encanto ao alcance de todos – basta mudar um pouco os velhos hábitos, basta querer encontrar no simples o prazer muitas vezes tão difícil no complicado.

Depois, é só dormir e aproveitar o restinho do domingo.

Fotos: Lea Minshull
Texto: Bete Padoveze

Um comentário:

  1. Bete, realmente isso se tornou pitoresco em nossa cidade... Adorooo essa historinha de pastel prá arrematar as festas dos sábados hehehe...

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